INTRODUÇÃO
Muitos são os aspectos que chamam a atenção no
espaço escolar, porém, alguns passam despercebidos e que são tão importantes
quanto os que são lembrados, um desses é o que acontece no período do intervalo.
O intervalo de recreação muitas vezes não é pensado como algo tão importante
quanto é, fazendo com que este momento não seja valorizado e que o tratem
apenas como um momento de descanso para alunos e professores. Nesta pesquisa
buscamos verificar como funciona o intervalo em uma das escolas municipais de Jequié,
buscando entender questões como o que as crianças fazem e como aprendem durante
o momento, se há intencionalidades nas brincadeiras ou não é outros
pontos abordados no decorrer do relatório.
A
pesquisa foi desenvolvida no período num período de 10 dias, onde buscamos
entender como acontece o processo de interação entre os alunos e entre alunos e
professores, em como as brincadeiras que acontecem no momento do intervalo em
uma escola municipal de Jequié. Para a realização desta pesquisa foi utilizado
o recurso da observação, onde acompanhamos crianças inclusive em sala de aula
durante o decorrer do processo. A ferramenta utilizada foi a observação, pois
optamos por não intervir em momento algum na rotina das crianças no intervalo
de recreação, para que tudo acontecesse de forma natural.
Usamos
como base para essa pesquisa, o e-book “Brincadeira de criança, brinquedos e
brincadeiras para crianças pequenas”, feito pela UNICEF e o artigo O jogo do espaço
e o espaço do jogo em escolas de Curitiba.
RELATO DA OBSERVAÇÃO
Durante a observação percebemos que as crianças
brincavam livremente no período do intervalo de 30 minutos em um espaço com sua
maior parte sem pavimentação e outra pequena parte pavimentada, também
percebemos que as crianças brincavam individualmente ou em grupos e a escola
disponibilizava alguns brinquedos para eles utilizarem durante o intervalo como
bambolê, bola de futebol e cordas. Observamos também os tipos de brincadeiras
que eram desenvolvidas por eles que seriam pula corda, futebol, dança do
bambolê, lutinha, polícia e ladrão, esconde-esconde, cada macaco no seu galho e
pega-pega, etc. essas brincadeiras eram sem orientação dos professores ou funcionários
do colégio, mas, eles ficavam observando para não ocorrer nada que possa
colocar as crianças em risco.
Pudemos perceber que a escola tinha uma quadra
onde ela era utilizada da seguinte forma, cada dia da semana uma série diferente
ia para a quadra após o intervalo e lá algumas vezes acontecia um brincar livre,
onde as crianças brincavam de correr, se pendurar nas barras de proteção e futsal;
já em outros momentos os professores desenvolviam atividades com eles como
amarelinha e futsal acontecendo o que cita Rechia (2006):
(...)cada sujeito imprime suas marcas
naquilo que os outros lhe dão para viver e pensar. Por isso, mesmo que o espaço
seja planejado para ser usado de determinada maneira, como as quadras
poliesportivas ou quadras de cimento, os sujeitos podem (re) significá-lo.
Através dessa citação, observamos que as
crianças acabavam por dar um novo significado aos espaços onde eram colocadas,
tanto nas áreas onde já eram acostumadas a brincar ou até mesmo na quadra, que
apesar de não ter muitos recursos eles conseguiam utilizar das mais diversas
formas.
Durante
as aulas em sala observamos que a professora que estávamos acompanhando,
utilizava de atividades lúdicas para o ensino da matemática uma delas foi o
“Disco mágico” que servia para ensinar sobre unidade, dezena, centena e unidade
de milhar que era desenvolvida da seguinte forma a professora colocava um disco
no chão com quatros cores cada cor representava uma unidade, dezena, centena ou
unidade de milhar logos após chamava 4 alunos e lhes dava 10 fichas para cada e
de uma determinas distancia teriam que
acertas o disco com as fichas e depois somar quantos pontos fizeram.
Acabamos por perceber que a escola não dispõe
de muitos recursos e acaba seguindo mesmo que indiretamente, a ideia de
ambiente educacional apenas como preparação para o futuro, sem contribuir com
um incentivo para o brincar com uma intencionalidade, mesmo que as interações
que ocorrem entre as crianças façam com que aprendam coisas umas com as outras.
Em relação a essa perspectiva do espaço Rechia (2006) vem dizer que:
(...)o
ambiente escolar muitas vezes acaba transformando-se num local para mera
“domesticação” de crianças e jovens, obrigando-os a adaptarem-se a um cotidiano
cuja liberdade é cerceada, o tempo é controlado e os espaços para “alegria” são
reduzidos, importando somente cumprir a função de “prepará-los para o amanhã”.
Esse processo de observação nos fez perceber que a
organização do espaço, disposição de recursos no momento do intervalo de
recreação e um olhar mais atento para o momento por parte dos funcionários da escola,
poderia potencializar cada vez mais a aprendizagem dos alunos e até mesmo a
interação entre eles, os professores e gestores. Alguns dos momentos em que
aconteceram atividades planejadas foram bastante produtivos, não que a
brincadeira livre não traga um certo tipo de contribuição nas interações, porém
as brincadeiras podem ser direcionadas a trabalhar certas áreas, unindo assim
dois lados diferentes que podem se unir, o brincar e o saber.
CONCLUSÃO
Conseguimos perceber através do processo de
observação durante os 10 dias que foram propostos, que as brincadeiras de
maneira geral são criadas ou trazidas pelas próprias crianças, não havendo
assim uma preocupação por parte da direção da escola em pôr intencionalidade
naquelas atividades praticadas pelos alunos. Como pudemos observar, as formas
de interação entre eles no momento do intervalo recreativo eram diversificadas,
muitos acabavam apenas se batendo ou correndo atrás uns dos outros, porém, alguns
acabavam por trabalhar diversos aspectos importantes para a vida, como a união
e o respeito em esperar sua vez de brincar, como funcionava com as crianças que
brincavam de pular corda e com outras brincadeiras onde os recursos eram
limitados.
Não visualizamos nenhuma criança com necessidades
especiais, mas no que diz respeito a espaços que pudessem trazer conforto para
elas na hora de brincar e interagir com outras pessoas, não foi percebido. Em
relação às interações, no E-book da Unicef traz que as crianças já começam a
construir identidades próprias e a perceber as diferenças de traços físicos,
cor, linguagem desde muito pequenos, então é essencial o trabalho dos adultos
para a valorização da diversidade.
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